Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome revelou que os 21 núcleos espalhados no país “recolhem 26 mil toneladas de alimentos por ano”, “80% das quais teria como destino provável a destruição”.

Na conferência que apresentou no salão paroquial de São Pedro do Mar, em Quarteira, no contexto da na Assembleia Diocesana para apresentação do programa pastoral da Diocese do Algarve para 2019/2020, Isabel Jonet disse que “quatro por cento da população portuguesa recebe um prato de comida que vem de um Banco Alimentar”, garantindo que aquelas organizações “ajudam a levar comida à mesa de 400 mil pessoas”.

Mas aquela responsável, que é também a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome de Lisboa, disse que “ainda mais importante que tudo isso foi a quantidade de jovens que se deixaram tocar por esta ideia de que podem disponibilizar um pouco do seu tempo com uma ideia de partilha”.

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Isabel Jonet acrescentou que “outro aspeto muito diferenciador” daquele projeto é a “capacidade de colocar pessoas de todas as idades, níveis sociais, credos, clubes de futebol unidos por uma causa”.

Jonet rejeitou a ideia de que o Banco Alimentar faça peditórios. “O Banco Alimentar faz uma campanha de recolha e essa recolha é uma campanha de partilha. A ideia que é lançada às pessoas que vão às compras é: partilhe daquilo que vai comer na sua casa. Se come massa, dê massa. Se come frango, dê frango. Se come chocolates, dê chocolates”, explicou, considerando tratar-se de uma “partilha que é espiritual, de comunhão e que é tangibilizada por aquilo que está em cima da mesa”. “Há uma corrente de bondade que passa na sociedade e que faz com que as pessoas saiam de si próprias naquele momento”, acrescentou.

A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome realçou que as pessoas “quando dão o alimento, dão muito mais do que o alimento”. “O alimento que vão partilhar transforma-se num veículo. O alimento é veículo de amor, mas muitas vezes, quando chega à casa das pessoas, é veículo de esperança. Mais do que alimentar o corpo, ao ser partilhado desta forma alimenta também a alma, mas alimenta, muitas vezes, os momentos tristes da vida de pessoas que vivem sozinhas e que não teriam um sorriso se este alimento não seguisse para as suas casas”, acrescentou, explicando que Portugal tem “um milhão de pessoas que vive com menos de 250 euros por mês e dois milhões que vive com menos de 450 euros por mês”.

Isabel Jonet sustentou que do milhão de pessoas mais pobres, “quase dois terços vivem com menos de 187 euros” provenientes de baixas pensões de reforma. “A maior parte são viúvas e, na sua grande maioria, são mulheres idosas”, informou.