“Alguém que queira participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não se pode sentir excluído pela sua condição física. O Papa Francisco quer e conta com a presença de cada um de vocês”. O convite foi deixado ontem de manhã por um membro do Comité Organizador Diocesano do Algarve aos utentes da Fundação Irene Rolo (FIR), em Tavira, durante a visita dos símbolos da JMJ – a cruz e o ícone mariano – àquela instituição que acolhe pessoas portadoras de deficiência.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“É o Papa Francisco que pede”, sublinhou Ricardo Starkey, garantindo que o pontífice “quer incluir todos neste grande evento que vai acontecer” em Portugal entre 1 e 6 de agosto. “Vir hoje aqui deve-se a isso mesmo: dizer que cada um de vós, principalmente, dos 15 aos 30 anos, independentemente da vossa condição, podem estar presentes nessa JMJ”, sustentou aquele jovem que também pertence às paróquias de Tavira.

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A FIR, que atualmente conta com cerca de 180 utentes dos três meses aos 80 anos de idade, tem como missão “apoiar pessoas com deficiência e incapacidades e suas famílias, bem como outros públicos vulneráveis, no âmbito da prevenção, acolhimento, reabilitação, formação profissional e inserção social, com vista à promoção da qualidade de vida”.

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A instituição tem como respostas sociais um Lar Residencial para Pessoas com Deficiência Profunda, dois Centros de Atividades Ocupacionais, um Centro de Reabilitação e Formação Profissional, um serviço de Intervenção Precoce, uma Unidade de Novos Projetos para a comunidade imigrante, um programa de Contrato Local de Desenvolvimento Social que trabalha com a população vulnerável do concelho de Tavira, o Apoio ao Estudo do 1º,2º e 3º ciclos do ensino e Campos de Férias.

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Na visita de ontem, Ricardo Starkey apresentou um breve historial sobre os símbolos, que disse serem “apenas imagens”. “O que interessa é aquilo que estas imagens representam. São apenas duas representações de Jesus Cristo, Aquele que quis vir encontrar-se hoje convosco”, prosseguiu, acrescentando: “foi Deus que quis vir hoje encontrar-se convosco e quis que vocês viessem fazer parte deste evento”.

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Aquele jovem convidou ainda os presentes a aproximarem-se da cruz para, em silêncio, libertarem aquilo que ia dentro do seu coração e da sua mente: “alegria, sonhos, desejos”. “Aquilo que for dentro do vosso íntimo ponham nas mãos de Deus, nas mãos de Maria porque, certamente, Deus não se vai esquecer de cada um de nós”, pediu.

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O desafio, que viria a ser anuído pelos participantes, foi reforçado pelo pároco de Tavira. O padre Miguel Neto lembrou que a cruz e o ícone ‘Salus Populi Romani’ foram entregues aos jovens para percorrer o mundo. “Diante deles tanta gente já rezou, já se aproximou de Jesus Cristo, já se interrogou, já se admirou. E agora vocês vão ter essa oportunidade”, afirmou.

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A presidente da FIR agradeceu por se terem lembrado da instituição. “Queremos agradecer o facto de se terem lembrado de nós e também de aproximarem estes símbolos da nossa entidade porque há aqui muita gente católica. Muitos não podem dirigir-se à igreja, ou onde estão aos símbolos, e virem até nós foi lembrar-se da inclusão e de podermos também participar ativamente nas jornadas que vão acontecer em 2023 em Portugal”, afirmou Carla Pires.

Ao Folha do Domingo aquela responsável acrescentou que as pessoas portadoras de deficiência “não podem ser catalogadas por isso”. “Antes de terem alguma deficiência, são pessoas”, frisou, considerando que aqueles símbolos representam para todos, “a união entre os povos, a inclusão e a não discriminação, independentemente do credo ou da religião que cada um tenha”.

Os símbolos da JMJ estão a percorrer o Algarve, segundo um itinerário já divulgado, até ao dia 27 de novembro. Nesse dia serão levados até Mértola, onde serão entregues aos representantes da vizinha Diocese de Beja.

A Cruz da JMJ foi entregue pelo Papa João Paulo II aos jovens em abril de 1984 e marcou o início de uma peregrinação da juventude de todo o mundo; em 2000, o mesmo pontífice confiou aos jovens uma cópia do ícone de Nossa Senhora ‘Maria Salus Populi Romani’.