Encontro evocou a Jornada Mundial da Juventude com o Papa em Lisboa

A celebração da Diocese do Algarve, no passado sábado, do Dia Mundial da Juventude, que ontem se assinalou, ampliou aos participantes o desafio deixado pelo Papa Francisco na mensagem que escreveu para aquele dia a que sejam “semeadores da alegria e da esperança neste território”.

O repto foi repetido pelo bispo do Algarve na Jornada Diocesana da Juventude (JDJ) que decorreu na paróquia de Almancil, com a participação de cerca de 175 jovens e 30 animadores de vários pontos do Algarve e sob o tema “Alegres na esperança”, retirado daquele texto do Papa Francisco aos jovens, que por sua vez foi extraído de uma passagem da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 12, 12).

“Que bom que seria que aceitásseis este convite que vos faço: sede semeadores da alegria e da esperança neste território que é a nossa diocese”, exortou o D. Manuel Quintas na conclusão da jornada, na Eucaristia a que presidiu à noite na igreja de Almancil.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Nós precisamos desta vossa sementeira porque a alegria e a esperança estão particularmente ligadas à vossa condição, a juventude”, acrescentou o bispo diocesano, pedindo-lhes ainda que adiram ao desafio do Papa para que partilhem diariamente “uma palavra de esperança”. “Partilhai cada dia boas notícias, uma palavra de alegria e uma palavra de esperança”, reforçou D. Manuel Quintas, desafiando concretamente os jovens a enviarem a alguém naquela noite uma mensagem a contar que participaram naquele encontro.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Citando ainda a mensagem de Francisco, o bispo diocesano referiu ser “Cristo vivo e ressuscitado” a “fonte da verdadeira alegria”, cuja presença lembrou ser perpetuada na Eucaristia. “Ele está na Eucaristia como uma lição contínua e permanente de doação, de entrega e de serviço. É desse modo que Ele também é rei porque quer reinar nos nossos corações. Quer mobilizar-nos para sermos construtores deste reino, sendo portadores desta alegria e desta esperança”, prosseguiu.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Termos a certeza que Deus nos amou e continua a amar-nos na pessoa de Jesus, de que a Eucaristia é testemunho vivo e quotidiano, é para nós fonte de alegria e fonte de esperança”, acrescentou, realçando que esta convicção é particularmente importante “diante de situações de guerra, de atrocidade, de incapacidade ou limitação”. “O Papa diz que Deus precisa de nós para que a alegria e a esperança sejam semeadas no mundo de hoje, particularmente em situações de guerra”, complementou.

D. Manuel Quintas aludiu ainda à garantia, também sublinhada por Francisco, de que Cristo é “a luz da esperança” que “tudo muda”. “É muito diferente caminhar iluminados de caminhar às escuras”, constatou.

Por fim, recordou ainda que Francisco explica que “a esperança é alimentada pela oração” porque esta leva ao “encontro com Cristo”. “O Papa diz que a esperança é alimentada pelas nossas opções quotidianas, pelos nossos gestos, atitudes, pelo modo como vivemos a vida, pelo modo como sonhamos o futuro, como no relacionamos uns com os outros”, acrescentou.

D. Manuel Quintas lembrou ainda a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, participada pela maioria daqueles jovens. “Não queremos perder tudo aquilo que significou para vós essa experiência. O tempo de adoração que tivemos esta tarde ao ar livre, no jardim, no entardecer, fez-me lembrar a vigília no Parque Tejo e a adoração que fizemos com o Papa”, comparou, referindo-se à adoração eucarística realizada no Jardim das Comunidades, um espaço verde daquela vila.

Já antes da Eucaristia, num momento em que foi recordada no salão paroquial a participação na JMJ, D. Manuel Quintas se referiu àquela “manifestação pública de fé”. “Gostei muito de estar ali”, garantiu, destacando “o silêncio, a oração e a interioridade” ali vividos. “Não devemos de ter medo de exprimir publicamente aquilo que nos anima, nos fortalece, que ilumina a nossa vida”, acrescentou.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Ainda naquele encontro com os jovens que antecedeu a Missa, o bispo do Algarve disse-lhes ter recebido um “testemunho muito agradecido” dos bispos que passaram pela diocese com grupos de jovens estrangeiros na semana que antecedeu a JMJ. “Foi uma experiência que disseram que vão guardar para a vida”, afirmou, acrescentando que também a Conferência Episcopal Francesa enviou uma carta de agradecimento à congénere portuguesa a “agradecer a experiência que lhe foi dada viver”. “Os bispos da França exprimem a alegria, a gratidão por esta experiência que os seus jovens viveram”, sustentou, considerando que para essa avaliação contribuiu o acolhimento dos algarvios.

Com efeito, o outro momento alto do dia foi a celebração na rua com adoração ao Santíssimo Sacramento, a que aquele responsável católico se referiu e na qual também participou. Presidida pelo assistente do Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve, a oração insistiu no apelo aos participantes para serem “alegres na esperança”. “Esperamos sempre por uma alegria maior que só Cristo nos pode dar. Ser alegre na esperança é ter esperança na alegria futura, mas já estar alegre porque a vou alcançar”, afirmou o padre Samuel Camacho.

Mas o programa da JDJ não foi constituído só por celebrações. O dia teve início no adro da igreja de Nossa Senhora de Fátima com um jogo de interação entre as diversas paróquias presentes, seguindo-se as catequeses na Escola Básica Dr. António de Sousa Agostinho, para onde os participantes seguiram. Divididos em três grupos — animadores, jovens dos 15 aos 17 anos e maiores de 18 anos — leram a passagem bíblica que deu origem ao tema do dia e que relata uma tempestade amainada por Jesus e viram um vídeo sobre a oração do Papa pelas vítimas da pandemia de Covid-19, a 27 de março de 2020, na Praça de São Pedro vazia, em que o Francisco advertiu que “ninguém se salva sozinho” e que todos estão “no mesmo barco”.

Segundo a perspetiva de que ninguém se salva sozinho, os jovens dos 18 aos 30 anos foram convidados a escrever num papel uma «tempestade» que os tenha atormentado. Essas experiências foram depois atribuídas aleatoriamente a outros elementos para, em subgrupos, refletirem sobre como as ultrapassariam, por via da fé, se estivessem no lugar daquelas pessoas. Nesse grupo, a reflexão sobre o tema do dia resultou ainda na elaboração das preces da oração universal para a Eucaristia.

Os mais novos foram desafiados a construir em subgrupos «torres» com recurso a rolos de cartão comportando diferentes graus de dificuldade e a decorar um guarda-chuva com palavras que indicassem a estratégia escolhida para ultrapassar essas «tempestades». Foram também convidados a elaborar cartazes com uma mensagem de esperança para afixarem nas suas paróquias durante o tempo do Advento.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Os animadores avaliaram a participação na JMJ e analisaram as dificuldades vividas como sendo «tempestades» superadas para chegarem a «margem» segura. Foram ainda desafiados a decorar velas que, na procissão de entrada da Missa, ladearam o Evangeliário.

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Durante a tarde, os participantes realizaram ainda uma missão de voluntariado que consistiu na limpeza de ruas e espaços verdes de Almancil.

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No final da Eucaristia — em que o coordenador do Setor Diocesano da Pastoral Juvenil agradeceu aos padres Nelson Rodrigues e Tiago Veríssimo, anteriores assistentes daquele organismo, mas também à paróquia de Almancil, à Junta de Freguesia, à Câmara de Loulé, à GNR e à ASCA – Associação Social e Cultural de Almancil —, João Costa passou a palavra ao bispo diocesano para D. Manuel Quintas anunciar que a JDJ do próximo ano será realizada em Lagos. Os 34 jovens das diversas paróquias daquele concelho receberam então, simbolicamente, a cruz da JDJ das mãos dos membros da paróquia de Almancil para a levarem consigo.

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