Foto © Samuel Mendonça

O padre Miguel Neto disse ontem à noite na apresentação do livro que resultou da sua tese de doutoramento sobre a “Igreja e Encontro na Estrada Digital – Perspetivas teológicas a partir do estudo de Manuel Castells” que aquele “não é um trabalho de resposta”, mas “de análise”.

“Análise de reparar que se o mundo muda (o mundo mudou desde a década de 80 [do século passado]) a nossa forma de viver também muda, a nossa forma de nos relacionarmos também muda e a nossa forma de sermos cristãos e de vivermos enquanto comunidade de cristãos também muda”, precisou o sacerdote algarvio, que é o diretor do Gabinete de Informação da Diocese do Algarve.

Foto © Samuel Mendonça

Na apresentação da publicação, ocorrida no âmbito das Jornadas Nacionais de Comunicação Social que tiveram lugar até hoje em Lisboa, no auditório da Renascença Multimédia, junto à nova sede da Conferência Episcopal Portuguesa, na Quinta do Bom Pastor, em Benfica, o autor explicou que, para além de “analisar aquilo que já mudou”, o trabalho pretende ainda “apresentar algumas perspetivas para o que pode vir, mas, sobretudo, chamar a atenção que ainda há um longo caminho a percorrer para responder à pergunta essencial que se coloca neste momento a quem trabalha nestes desafios da estrada digital e que é ‘quem é o meu próximo?’”. “Esta é a pergunta a que nós temos que responder”, destacou.

O sacerdote salientou ainda que o seu estudo, do ponto de vista pastoral e no que ao ambiente cristão se refere, “tem três focos importantes”: “o ambiente digital e o ambiente físico como espaços reais da existência humana contemporânea”, “a questão da identidade real e da identidade digital que é uma mesma identidade, embora em ambientes diferentes” e “a comunidade física e a comunidade virtual e a resposta eclesial estas realidades”.

A apresentação da publicação foi feita pelo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. “Este livro é uma ajuda indispensável para nos podermos aproximar mais do que possa ser a nossa presença na comunicação da Igreja”, considerou o padre Américo Aguiar, que começou por agradecer ao autor o “gesto de partilha do seu trabalho” e a “coragem de avançar” para que o mesmo fosse publicado.

“O mais interessante deste trabalho é que parte de alguém que escolheu uma área que vive por dentro”, afirmou, adiantando que rede é a “palavra-chave” ao longo do livro.

Foto © Samuel Mendonça

“Faz uma atualização, um ponto de situação sobre aquilo que tem sido a vivência da Igreja no acolhimento das revoluções tecnológicas, das descobertas dos novos meios de comunicação”, prosseguiu, considerando aquela “uma leitura muito real” do “fenómeno da comunicação”.

O padre Américo Aguiar considerou que o título da obra – “Igreja e Encontro na Estrada Digital – Perspetivas teológicas a partir do estudo de Manuel Castells” – deixa antever a relação que ela estabelece com o acontecimento bíblico do reconhecimento de Jesus ressuscitado na estrada de Emaús. “É muito esse desafio que nós também levamos desta obra e que nos apresenta a indispensabilidade da rede”, realçou, sublinhando a importância do trabalho em cooperação, por forma a aproveitar sinergias.

A publicação será apresentada no Algarve, pelo mesmo apresentador, no próximo dia 6 de outubro, pelas 19h30, na igreja de Sebastião de Tavira.

A obra, que é prefaciada por Alfredo Teixeira, professor do Instituto de Estudos de Religião da Universidade Católica Portuguesa, que também orientou o estudo do sacerdote algarvio, está à venda pelo preço de 20 euros na livraria da Diocese do Algarve, no largo da Sé, em Faro, e na loja da ARTgilão, na igreja de Santa Maria em Tavira.