
O padre Miguel Neto disse ontem à noite na apresentação do livro que resultou da sua tese de doutoramento sobre a “Igreja e Encontro na Estrada Digital – Perspetivas teológicas a partir do estudo de Manuel Castells” que aquele “não é um trabalho de resposta”, mas “de análise”.
“Análise de reparar que se o mundo muda (o mundo mudou desde a década de 80 [do século passado]) a nossa forma de viver também muda, a nossa forma de nos relacionarmos também muda e a nossa forma de sermos cristãos e de vivermos enquanto comunidade de cristãos também muda”, precisou o sacerdote algarvio, que é o diretor do Gabinete de Informação da Diocese do Algarve.

Na apresentação da publicação, ocorrida no âmbito das Jornadas Nacionais de Comunicação Social que tiveram lugar até hoje em Lisboa, no auditório da Renascença Multimédia, junto à nova sede da Conferência Episcopal Portuguesa, na Quinta do Bom Pastor, em Benfica, o autor explicou que, para além de “analisar aquilo que já mudou”, o trabalho pretende ainda “apresentar algumas perspetivas para o que pode vir, mas, sobretudo, chamar a atenção que ainda há um longo caminho a percorrer para responder à pergunta essencial que se coloca neste momento a quem trabalha nestes desafios da estrada digital e que é ‘quem é o meu próximo?’”. “Esta é a pergunta a que nós temos que responder”, destacou.
O sacerdote salientou ainda que o seu estudo, do ponto de vista pastoral e no que ao ambiente cristão se refere, “tem três focos importantes”: “o ambiente digital e o ambiente físico como espaços reais da existência humana contemporânea”, “a questão da identidade real e da identidade digital que é uma mesma identidade, embora em ambientes diferentes” e “a comunidade física e a comunidade virtual e a resposta eclesial estas realidades”.
A apresentação da publicação foi feita pelo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. “Este livro é uma ajuda indispensável para nos podermos aproximar mais do que possa ser a nossa presença na comunicação da Igreja”, considerou o padre Américo Aguiar, que começou por agradecer ao autor o “gesto de partilha do seu trabalho” e a “coragem de avançar” para que o mesmo fosse publicado.
“O mais interessante deste trabalho é que parte de alguém que escolheu uma área que vive por dentro”, afirmou, adiantando que rede é a “palavra-chave” ao longo do livro.

“Faz uma atualização, um ponto de situação sobre aquilo que tem sido a vivência da Igreja no acolhimento das revoluções tecnológicas, das descobertas dos novos meios de comunicação”, prosseguiu, considerando aquela “uma leitura muito real” do “fenómeno da comunicação”.
O padre Américo Aguiar considerou que o título da obra – “Igreja e Encontro na Estrada Digital – Perspetivas teológicas a partir do estudo de Manuel Castells” – deixa antever a relação que ela estabelece com o acontecimento bíblico do reconhecimento de Jesus ressuscitado na estrada de Emaús. “É muito esse desafio que nós também levamos desta obra e que nos apresenta a indispensabilidade da rede”, realçou, sublinhando a importância do trabalho em cooperação, por forma a aproveitar sinergias.
A publicação será apresentada no Algarve, pelo mesmo apresentador, no próximo dia 6 de outubro, pelas 19h30, na igreja de Sebastião de Tavira.
A obra, que é prefaciada por Alfredo Teixeira, professor do Instituto de Estudos de Religião da Universidade Católica Portuguesa, que também orientou o estudo do sacerdote algarvio, está à venda pelo preço de 20 euros na livraria da Diocese do Algarve, no largo da Sé, em Faro, e na loja da ARTgilão, na igreja de Santa Maria em Tavira.