“Ao fim de 50 anos de fazer homilias, discursos e pregar retiros, inclusivamente a sacerdotes, nem sei o que vos hei de dizer hoje” começou por confessar o padre José Águas, de 78 anos, na Eucaristia a que presidiu no passado sábado na igreja matriz do Algoz para assinalar os seus 50 anos de sacerdócio.

Bodas_ouro_padre_jsoe_aguas-7
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

E foi ao Magnificat, recitado pela Virgem Maria por ocasião da visita à sua prima Isabel, que o sacerdote foi buscar as palavras para exprimir os seus sentimentos: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador», citou, acrescentando: “não é para fazer a minha vontade que eu me ordenei, mas a vontade d’Aquele que me chamou”.

Bodas_ouro_padre_jsoe_aguas-9
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“O Senhor é que me escolheu e a minha vocação pode dizer-se que começou no dia 14 de agosto de 1944, dia do meu nascimento. E continua a chamar-me”, prosseguiu o aniversariante, que recordou a sua história, acrescentando: “nunca fiz grandes coisas na minha vida, nunca fiz grandes obras. A minha vida foi aquilo que foi. A minha vida de padre também não foi a maravilha das maravilhas, mas tudo foi graça na minha vida e vós sois a maior graça que me está a acontecer neste momento”.

Bodas_ouro_padre_jsoe_aguas-27
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve, que esteve presente no final da celebração, disse-lhe trazer “o abraço de toda a diocese, particularmente dos colegas presbíteros”. “A minha presença quer significar não apenas o abraço do bispo, mas o abraço a toda a diocese, de gratidão, de reconhecimento pelo seu serviço, por estes 50 anos de doação e de entrega a esta Igreja do Algarve”, completou D. Manuel Quintas, “reconhecido por terem tido esta feliz ideia de organizar a celebração dos 50 anos” do pároco do Algoz e da Guia.

“Unimo-nos todos ao padre Águas nesta ação de graças ao Senhor pelo dom desta vocação, pelo dom dos 50 anos de serviço à nossa Igreja diocesana”, prosseguiu, congratulando-se pelo “fôlego”, “genica” e “juventude” do aniversariante. “É sinal de que há fogo por dentro, esse fogo do Espírito que anima e que envia e constantemente nos pede que sejamos testemunhas da pessoa de Cristo”, completou.

D. Manuel Quintas lembrou que a efeméride ocorre em período de lausperene, um “tempo muito especial” para a Igreja diocesana. “Espero e desejo que a celebração das bodas de ouro do vosso pároco nos estimule ainda mais a não esmorecermos na oração pelas vocações e pela fidelidade daqueles que chama”, afirmou.

Aos autarcas presentes, o bispo do Algarve disse que a sua comparência é “um estímulo” para ele próprio como bispo, por significar o “reconhecimento pelo serviço” dos padres algarvios. “Obrigado ao senhor padre José águas pelo seu serviço e pelo seu ministério”, agradeceu.

Bodas_ouro_padre_jsoe_aguas-24
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Também o padre Pedro Manuel falou em nome dos colegas presentes e como monchiquense que o teve como pároco. O sacerdote destacou dois aspetos vida e da personalidade que o “marcaram profundamente enquanto seminarista”. “Creio que poderão ser para todos nós motivo de ação de graças por si e de exemplo para cada um de nós”, afirmou, destacando em primeiro lugar a sua “superior cultura geral” e em segundo a sua “generosidade”. “É esta dimensão de generosidade e, diria até, de caridade cristã que talvez faça com que o senhor, não só falando tanto e tão alto em palavras, fale sobretudo tanto e bem alto com o coração”, afirmou o padre Pedro Manuel, agradecendo pelo “sacerdócio” e pelo “testemunho de vida” do padre José Águas.

Bodas_ouro_padre_jsoe_aguas-26
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No final da Eucaristia, participada por muitos daqueles que foram seus paroquianos nas paróquias por onde passou, o padre José Águas foi presenteado não só pelos representantes da comunidade, mas também pelos presidentes das câmaras de Albufeira e de Silves e restantes autarcas das juntas de freguesia.