refugiadosA paróquia de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, recebeu na passada sexta-feira à tarde uma família síria de refugiados.

A família ficou alojada no Centro Social da paróquia, num apartamento com uma kitchenette, dois quartos e uma casa de banho que foi adaptado de uma antiga camarata e os párocos da comunidade estimam que ali possa viver durante um ano ou dois. O agregado é composto pelo pai de 30 anos de idade, a mãe de 22 e duas crianças: um menino de um ano e uma menina de quatro meses.

O pároco das paróquias de Nossa Senhora do Amparo e da Mexilhoeira Grande foi, em julho de 2015, a primeira voz da Igreja Católica algarvia, e uma das primeiras a nível nacional, a manifestar disponibilidade para acolher refugiados. O padre Domingos da Costa, sacerdote da Companhia de Jesus (jesuítas), comprometeu-se a receber dois ou três agregados e são esperadas mais duas famílias na Mexilhoeira Grande que deverão chegar brevemente.

Outro dos párocos daquelas paróquias lamentou em declarações ao Folha do Domingo a demora de mais de um ano na vinda dos refugiados, considerando que tal se deveu às “burocracias dos governos europeus”. “Não desbloquearam a situação mais cedo, não sei bem porquê”, criticou o padre Luís do Amaral.

A família que agora chegou oriunda de Aleppo – a cidade controlada pelos rebeldes, onde nos últimos dias se intensificou a guerra com particular violência – saiu da Síria há cerca de dois anos, passou pela Turquia e atravessou o mar até à Grécia onde permaneceu até ser enviada para Portugal através da Plataforma de Apoio aos Refugiados. A mãe tem familiares que foram acolhidos na Alemanha.

O padre Luís do Amaral explicou que o objetivo é integrar a família na sociedade portuguesa. “A ideia é ficarem cá um ou dois anos de transição, aprenderem a língua, arranjarem trabalho, esperando que a situação na Síria possa melhorar”, afirmou, acrescentando que para ajudar nesta adaptação foi criada uma equipa na paróquia que conta, por exemplo, com um professor de português.

Ontem em Portimão, na celebração de tomada de posse dos novos párocos da Mexilhoeira Grande e de Nossa Senhora do Amparo, o bispo do Algarve regozijou-se com a “agradável notícia”. “Estou certo de que encontrará aqui na vossa paróquia aquilo que há muito tempo procura, sobretudo um lugar de paz e sossego, onde possa viver como família e encontrar também um futuro melhor”, afirmou D. Manuel Quintas.

Já em outubro do ano passado o prelado tinha pedido aos responsáveis pelos organismos da Pastoral Social da diocese que encontrassem “caminhos de resposta” para o “acolhimento e apoio aos refugiados” e a diocese algarvia decidiu atribuir à Cáritas Diocesana a coordenação do trabalho relacionado com o acolhimento de refugiados.