A primeira das três formações sobre a adoração eucarística promovidas este ano pela Diocese do Algarve para os animadores juvenis evidenciou no passado dia 14 de novembro aquela prática como uma forma importante de levar os jovens a descobrir verdadeiramente Jesus.

Na formação, realizada pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional em colaboração com o Setor Diocesano da Pastoral da Juvenil, no Seminário de São José, em Faro, para animadores de grupos de jovens e catequistas a partir do 10º ano, o formador, que é simultaneamente diretor do primeiro organismo e assistente do segundo, começou por constatar a decrescente participação da juventude nas Eucaristias. O padre Samuel Camacho alertou que essa realidade coloca em questão a continuidade da comunidade e da própria fé, considerando que “só o encontro real com Cristo é que pode modificar uma pessoa”. “Como é que eu posso ser amigo de uma pessoa se nunca me encontrei com ela, mas somente me falaram de como é que ela é? Consigo construir uma amizade assim? Dificilmente”, evidenciou.

O sacerdote alertou que na origem do decréscimo da participação na Eucaristia está a ausência da consciência eucarística, ou seja, da “perceção da presença real de Cristo”. O padre Samuel Camacho evocou o resultado de um inquérito nos EUA que revelou que 70% dos jovens norte-americanos acreditam que a Eucaristia “é um símbolo” apenas. “Se eu não tenho consciência da importância da Eucaristia, não vou lá. Se não tenho consciência da importância que a presença de Cristo tem diante de mim, pode estar ali a Eucaristia ou outra coisa qualquer”, lamentou, acrescentando que, perante a inconsciência eucarística, “a maior parte dos gestos eucarísticos dentro da Missa perdem o seu sentido porque não há uma perceção da presença real de Cristo”.
Aquele responsável disse ser “preciso incentivar ao encontro com Cristo” e “depois levá-los a viverem a sua própria fé a partir do encontro que tiveram com Cristo”. “Neste incentivar ao encontro, ou seja, levá-los à adoração eucarística temos de trabalhar a consciência e aí temos de trabalhar a questão da presença real de Cristo”, considerou, acrescentando ser essencial que os jovens aprendam a recorrer a Jesus.
Por outro lado, o formador evidenciou a importância do exemplo do animador. “Por ventura, uma parte da falta de fé deles pode existir porque, se calhar, não nos veem a rezar”, admitiu, acrescentando: “eu não posso pedir que eles se encontrem com Cristo e façam adoração eucarística, se depois olham para mim e eu não faço o mesmo”.

O sacerdote, que se baseou no relato compreendido entre os versículos 1 e 69 do capítulo seis do Evangelho segundo São João, considerou ainda ser necessário “trabalhar a dimensão do silêncio”, abordou os preliminares da adoração eucarística e elucidou sobre os procedimentos para realizar uma exposição do Santíssimo Sacramento correcta.

O padre Samuel Camacho explicou que o Ritual sobre a Sagrada Comunhão e Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa contempla todas as normas que devem ser seguidas, inclui os subsídios para a adoração com os textos bíblicos, os salmos e os cânticos. O sacerdote advertiu que não se deve “transformar uma adoração eucarística numa vigília”, explicando até a diferente estrutura de ambas.

A formação terminou com um momento de adoração eucarística na capela do Seminário. As duas sessões seguintes realizam-se nos dias 13 de março e 22 de maio. A primeira terá como tema “Um silêncio que fala” e visa “melhor compreender o silêncio orante na adoração” e a segunda, com o tema “Deus está aqui, e agora?”, terá como finalidade ajudar a entender a “importância da real presença de Cristo na Eucaristia”.