A Diocese do Algarve esteve representada nas jornadas pastorais do episcopado que se realizaram em Fátima, de 18 a 20 deste mês, para refletir sobre a temática dos jovens, da pastoral juvenil e da dimensão vocacional, no âmbito do próximo Sínodo dos Bispos que vai decorrer em outubro deste ano, em Roma.
A temática assume particular interesse para a diocese algarvia que tem no seu presente programa pastoral como prioridade a família, a juventude e as vocações e já tinha sido abordada na última Assembleia Diocesana, em setembro do ano passado.
A representação algarvia constituiu-se pelos bispos da diocese, residencial e emérito, respetivamente D. Manuel Quintas e D. Manuel Madureira Dias, e pelo padre António de Freitas, vigário episcopal para a pastoral da diocese algarvia e diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional, e pelo padre Nelson Rodrigues, assistente do Setor Diocesano da Pastoral Juvenil.
Para apoiar o episcopado português nos seus trabalhos, que tiveram na Casa Nossa Senhora do Carmo, vieram a Portugal dois sacerdotes salesianos com um percurso ligado à Pastoral Juvenil: o padre Fábio Attard, que desde 2008 é conselheiro geral para a Pastoral Juvenil na congregação dos Salesianos; e o padre Mário Óscar Llanos, atual diretor da Faculdade de Ciências e Educação da Universidade Pontifícia Salesiana, o qual tem trabalhado a Pastoral Juvenil em ligação à Pastoral Vocacional e a Pastoral Familiar.
As intervenções dos dois sacerdotes apontaram linhas diretivas e ajudaram a reconhecer o ponto de situação em que a Igreja portuguesa se encontra “relativamente aos trabalhos vocacionais com os jovens”, lê-se nas conclusões enviadas a que Folha do Domingo teve acesso.
No encontro, bispos e representantes das dioceses concluíram que existe uma “verdadeira necessidade” de investir “na arte do acompanhamento e do discernimento dos jovens”.
“É importante trabalhar a humildade: é crucial, nos tempos atuais, saber escutar os jovens” porque a humildade “é a postura adequada” para aprender a comunicar com os jovens e a “compreender as suas vivências” e, para isso, “é necessário ter atitudes pacientes e acolhedoras”, refere o documento.
Como os jovens “andam em busca de testemunhas, com propostas e ambientes que ofereçam sentido de pertença e de identidade”, os participantes concluíram que “ser testemunha autêntica e coerente é um valor fundamental a que os jovens de hoje são especialmente sensíveis”. “Deve evitar-se a superficialidade”, acrescentam.
Se a “empatia é condição essencial” para se cativar os jovens, neste caminho, “o testemunho é determinante” alerta o comunicado, que exorta a um “papel ativo”. “Importa deixar de assumir o papel de espectador, pelo que o decisivo é pormo-nos ao lado dos jovens e envolver-nos nas suas vidas”, refere a nota, acrescentando que a “animação vocacional não pode reduzir-se à capacidade” de “bons animadores” porque “é necessário dar importância à sobriedade das coisas, ser transparente” para “que o jovem encontre sintonia entre a palavra e o gesto”.
Sublinhando ser “urgente cuidar a formação humana”, o episcopado realça ser importante “que haja a centralidade da Palavra de Deus nos projetos pastorais com os jovens” e advertem que “os jovens que andam à procura não podem chegar ao verdadeiro amadurecimento, se não se sentirem apoiados por uma comunidade”. “Deste modo, a experiência dos grupos é um bem a valorizar”, observam.
A pastoral vocacional na vida da Igreja continua a “ser prioridade e prioritária”, “não apenas em sentido de uma vida consagrada e ordenada, mas em sentido batismal”. “Esta pastoral exige governo vocacional para que não reine a anarquia na hora do acompanhamento e do discernimento”, apontam as conclusões.
“Para que haja pastoral vocacional é preciso formar animadores e acompanhantes vocacionais” visto que a pastoral vocacional “deve ser transversal a toda a pastoral da Igreja e com ela faz-se verdadeira evangelização, com novidade e com criatividade”, concluem.
As jornadas incluíram ainda dois painéis com os jovens portugueses que participaram na reunião pré-sinodal e com os diretores nacionais da pastoral juvenil, da pastoral vocacional e da pastoral do ensino superior.
com Ecclesia