100 Anos da sua morte | 150 Anos do início da fundação da Congregação das Irmãs Dominicanas de Stª Catarina de Sena

Ir. Teresa de Saldanha
Ir. Teresa de Saldanha

Neste Ano, dedicado pelo Papa Francisco à Vida Consagrada, apraz-nos recordar Teresa de Saldanha (Lisboa, 1837-1916) que, nascendo e vivendo num tempo difícil para a Igreja em Portugal, ousou desafiar as leis vigentes e fundou, na clandestinidade, uma Congregação, com o objectivo de evangelizar Portugal e de proporcionar a outras jovens o seguimento de Jesus na Vida Religiosa. Efectivamente, três anos antes do seu nascimento, em 1834, os conventos tinham sido fechados e os religiosos expulsos. Em Lisboa, sua cidade natal, grassava a fome, as epidemias, a ignorância, o analfabetismo, a exploração das mulheres e crianças nos trabalhos fabris. A sua obra nasceu no Bairro de Alfama, um dos mais pobres e populosos de Lisboa, mas, foram mais de trinta os locais da capital, abrangidos pela sua acção evangelizadora e de promoção. E a sua obra rapidamente se estendeu de Norte a Sul do País.

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Em Lagoa, Teresa de Saldanha fundou no antigo Convento de Carmelitas um colégio e uma escola para meninas pobres, em 15 de Setembro de 1899.

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Em Lagoa, Teresa de Saldanha fundou, a pedido de D. António Mendes Belo, Arcebispo-Bispo do Algarve, no antigo Convento de Carmelitas, C. de S. José, onde havia quatro recolhidas, um colégio e uma escola para meninas pobres, em 15 de Setembro de 1899.

Foi marcante a sua presença nesta localidade do Algarve como o atesta o Prelado diocesano: «Fui a Lagoa visitar as nossas boas Irmãs e as suas educandas! Trouxe as melhores impressões; vim mesmo encantado pela forma tão agradável com que tudo vai correndo no colégio. As Irmãs são ali muito estimadas e muito queridas! Toda a gente, creio eu, lhes reconhece a bondade, lhes aprecia as virtudes e dá o devido apreço ao bem que fazem em benefício da educação das crianças pobres e ricas. Nunca serão demasiados os nossos louvores às digníssimas religiosas Dominicanas pelo serviço insigne a essa vila, nem descabidos os testemunhos de gratidão e reconhecimento de que todos lhes são devedores.»

O jornal Correio Nacional de 10 de Setembro de 1900 dá conta da visita da Madre Teresa de Saldanha a Lagoa: “Esta distinta fidalga, mais nobre pelas suas preclaras virtudes que a adornam, do que pelos brasões nobiliárquicos que engrandecem seus ilustres ascendentes, tem o seu nome vinculado à obra mais grandiosa e civilizadora, que pode dedicar sobre a terra – a instrução e educação da juventude.

Coração diamantino, desprendida de todas as grandezas e vaidades mundanas, esta nobilíssima senhora, honra e lustre da fidalguia portuguesa, pôs os seus imensos haveres ao cumprimento dessa sublime missão, que se impôs, e onde quer que o seu valioso concurso pode ser útil à sociedade, hei-la derramando, com generosidade pasmosa, o benefício influxo do seu imenso bem-fazer.

Lagoa exulta com tão honrosa visita, e ufana-se de possuir um colégio de educação de meninas… Bem-vinda seja a excelsa fidalga, ilustre e virtuosa dama, e que Deus galardoe e cubra de bênçãos tanto bem que a sua mão benfazeja tem espalhado na terra!”

Aí permaneceram as Irmãs até serem expulsas na implantação da República, em 1910. Após 76 anos da saída de Lagoa, a presença de Teresa de Saldanha voltou ao Algarve, através das suas Irmãs Dominicanas que desde 1986 se dedicam à evangelização, educação e promoção de crianças e jovens na Casa de Nossa Senhora da Conceição, em Portimão.

A Câmara de Lagoa quis homenagear a Fundadora das Dominicanas: em 1993 colocou um painel de azulejo no pátio de entrada do Convento de São José, com a imagem da a Madre Teresa de Saldanha e atribuiu, em 1995, o seu nome a uma rua, considerando que “foi uma personalidade importante para o bem da educação, da cultura e da acção social em Lagoa.”

Outras cidades de Portugal e do Brasil também quiseram perpetuar a sua memória dando o seu nome a Ruas, Casas e Instituições.

A Madre Teresa de Saldanha viveu e morreu com fama de santidade, tendo como lemas de vida: Deus acima de tudo e Fazer o Bem sempre. O seu Processo de Canonização decorre em Roma, desde 2001. Teresa de Saldanha é um modelo de cristã que passou a vida a fazer o bem, encontrando assim a felicidade, caminhando assim na santidade.

Neste Ano Jubilar, a Congregação pretende olhar com gratidão a sua vida e obra e fazer memória da sua entrada no Reino, ocorrida no dia 8 de Janeiro de 1916. Quer ainda, com esta lembrança agradecida do passado, escutar o que Espírito lhe diz, hoje, e abraçar o futuro com esperança, nos diversos lugares onde a sua chama carismático-profética ilumina a sociedade: Albânia, Angola, Brasil, Moçambique, Paraguai, Portugal e Timor-Leste.

O Ano Jubilar tevá início no dia 11 de Janeiro de 2015 com uma celebração da Eucaristia em Lisboa, Igreja de S. Domingos da Baixa.

Ir. Rita Maria Nicolau, Dominicana de Santa Catarina de Sena