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Foto © Samuel Mendonça

O cónego Carlos César Chantre adverte que “a paz não se negoceia”.

“Cada vez estou mais preocupado com o rumo dos acontecimentos no nosso planeta. Quando ouço os responsáveis dizerem que se vão sentar à mesa para negociarem a paz, fico logo preocupado. A paz não se negoceia. A paz é algo que nasce espontaneamente do coração conduzido pela verdade. Quando os chefes começam a discutir a paz, não estão a discutir a paz. Estão a discutir os seus umbigos. É por isso que a paz não acontece”, lamentou na eucaristia do 21º Encontro de Cabo-verdianos a residir no Algarve, celebrada no passada sexta-feira na igreja matriz de Loulé.

O sacerdote defendeu, por isso, a necessidade de silêncio. “Estamos numa época em que se cultiva pouco o silêncio. É por isso que a paz está a ser difícil. O silêncio é uma arte e a arte educa-se, aprende-se”, afirmou, considerando que se o homem estivesse em silêncio a contemplar a “beleza” da multiculturalidade, “bastaria que os chefes do mundo se reunissem durante uma semana à porta fechada para encontrarem a resposta aos problemas do mundo” ou, pelo menos, “para não fazerem a guerra”.

E o cónego César Chantre lembrou que “a guerra começa entre o marido e a mulher, entre pais e filhos”, ou “quando os netos não abraçam os seus avós, quando a sociedade não trata bem os seus velhinhos, quando as crianças não têm futuro, música, dança, silêncio, quando as crianças não conseguem saborear a beleza de Deus, quando as escolas são construídas feias e com cores que não têm nada a ver com a cultura local, quando os jardins não são tratados”.