Faleceu no passado sábado, 12 de janeiro, com 90 anos, a irmã Marta Neves da congregação das irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena que trabalhou em Portimão durante 30 anos.
A irmã Maria Marta de Jesus Santos Neves nasceu a 4 de junho de 1928, em Moitas Vendas concelho de Alcanena, distrito e diocese de Santarém. Fazia parte de uma família numerosa, tinha cinco irmãos e duas irmãs.
Entrou na congregação a 31 de maio de 1964, fez a sua primeira profissão a 25 de março de 1966 e a profissão perpétua a 21 de setembro de 1971.
Integrou as seguintes comunidades: Ramalhão-Sintra, onde permaneceu após o noviciado; em 1968 – Cardais, Lisboa, local onde fez o curso de Auxiliar de Enfermagem; 1969 – no Externato de São José – Lisboa, com a missão de fazer o estágio de Enfermagem e de colaborar no colégio; foi aí economa e professora de lavores; 1982 – Fátima, onde desempenhou também a missão de economa.
A religiosa agora falecida foi uma das primeiras irmãs que a 8 de novembro de 1986 protagonizou o regresso da sua congregação ao Algarve, após a expulsão no contexto da implantação da República, em 1910. Recorde-se que a presença das irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena no Algarve remota ao ano de 1899 quando a fundadora da congregação, a irmã Teresa de Saldanha, a pedido do então bispo do Algarve, D. António Mendes Belo, abriu em Lagoa um colégio e uma escola para meninas pobres num antigo convento de carmelitas.
Nos finais de 1986, a pedido da direção da Casa de Nossa Senhora da Conceição, em Portimão, dedicada à evangelização, educação e promoção de crianças e jovens em risco do sexo feminino, foi naquela cidade aberta a comunidade das irmãs dominicanas.
A trabalhar naquela instituição na paróquia matriz de Portimão permaneceu numa entrega diária durante 30 anos, até à impossibilidade de a congregação continuar esse trabalho. Foi a 30 de agosto de 2016, quando a comunidade algarvia da congregação deixou a casa de Portimão para passar a sedear-se em Paderne, que a irmã Marta passou a integrar a comunidade do Externato São José, em Lisboa.
“Deixa-nos o testemunho de uma irmã orante, atenta e disponível, com um forte sentido de comunidade e da sua missão evangelizadora. Gostava de ler e de se manter atualizada, de saúde débil não se queixava. Criava bom ambiente onde se encontrava e gostava de mimar as irmãs com as suas tartes de amêndoa. Junto das utentes, dos funcionários e voluntários, catequistas e outros das paróquias, também ficou sempre uma palavra de apoio, de conforto de estímulo e bom testemunho de escuta”, recorda a superiora provincial, irmã Maria Clarinda Gaspar.
Também o pároco da matriz de Portimão, padre Mário de Sousa, lembrou o “tanto bem que fez” a religiosa, “de modo humilde e escondido, na vida de tantas crianças”.
O funeral realizou-se na passada segunda-feira na sua terra natal, com numerosa participação na igreja. Além de várias irmãs e familiares estiveram presentes muitas antigas utentes da Casa de Nossa Senhora da Conceição de Portimão, algumas vindas do estrangeiro. Também estiveram presentes antigos e atuais elementos da direção da instituição, acompanhados de um grupo de utentes, funcionários e outras pessoas da paróquia matriz de Portimão.
No último domingo, o bispo do Algarve presidiu à eucaristia em Boliqueime que teve entre as intenções a irmã Marta Neves.