O iniciador dos Convívios Fraternos (MCF) no Algarve realçou, no encontro que assinalou os 40 anos de presença na diocese, a importância que aquele movimento teve na dinamização da pastoral juvenil algarvia.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O padre Luís Gonzaga – que, juntamente com o cónego Manuel Rodrigues, fez com que o MCF chegasse ao Algarve – lembrou, no encontro que teve lugar no passado sábado na Casa de Retiros de São Lourenço do Palmeiral, que antes de ficar sob a sua responsabilidade, o Secretariado Diocesano da Juventude foi orientado, de 1968 a 1978, pelo falecido padre João Sustelo – “um grande homem ligado também ao Corpo Nacional de Escutas e à Associação Guias de Portugal, além de excelente professor e formador no Seminário” – e, de 1973 e 1978, pelo falecido padre Morais. “Durante esse tempo no Secretariado da Juventude verifiquei que estávamos a ficar pobres a nível de grupos de base paroquial”, recordou.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Como já tinha explicado ao Folha do Domingo, na passagem do aniversário da chegada do MCF ao Algarve, o sacerdote disse ter sido a “falta de lideranças”, que motivou o cónego Manuel Rodrigues a desafiá-lo para irem conhecer “uma experiência que estava a decorrer na diocese vizinha de Beja”. O padre Luís Gonzaga referia-se ao Convívio Fraterno realizado em Vila Nova de Milfontes no qual estiveram presentes. “Foi aí que conhecemos aquelas equipas, que tinham nascido na Diocese de Portalegre-Castelo Branco e alastraram para as dioceses de Évora e Beja, a quem eu lancei o convite de virem até ao Algarve”, contou, referindo-se ao nascimento do MCF em Castelo Branco por vontade do padre Valente de Matos, no contexto do serviço militar, para ajudar a responder aos anseios espirituais dos jovens, a encontrarem-se com Cristo e a assumirem a sua responsabilidade e vocação na Igreja.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O padre Luís Gonzaga explicou que os membros daquelas equipas, que “tinham uma chama enorme dentro deles e sentiam todo o Portugal como Igreja”, “foram um grande apoio” no arranque do movimento no Algarve. “Começámos, então, a espalhar a chama. A primeira coisa que era necessário fazer era sermos muito presentes em todo o Algarve. Por isso, tivemos de sair, passar pelas paróquias, falar diretamente com os sacerdotes e, à medida que os convívios iam acontecendo, ir irradiando”, prosseguiu, lembrando que os encontros pós-convívio tinham lugar um pouco por todo o Algarve, em localidades como Martim Longo. “Nós íamos a todo o lado”, recordou, referindo-se a um “fermento” que foi lançado a toda a diocese. “Este trabalho em equipa ajudou-me imenso como padre jovem”, destacou, lembrando também, junto dos jovens, o “impacto sempre muito grande de uma vida tocada pela graça de Deus”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O sacerdote realçou que “algo testemunhado ou dito pelos jovens tem um impacto muito maior sobre outros jovens do que um grande discurso feito por um padre”. “O jovem, dizia o Papa São João Paulo II, é um aliado natural de Cristo, generoso, alegre, amigo de servir. Temos de aproveitar esta matéria-prima, isto é, dar-lhe o lugar que merece na Igreja. E graças a Deus, isso está a acontecer no Algarve também”, sustentou, evidenciando que “os jovens são as pessoas mais preparadas interiormente para poderem dar testemunho junto dos da sua idade”.

O sacerdote, que garantiu que sempre se preocupou com a formação de adultos e jovens, explicou que pedia aos colegas que enviassem aos Convívios Fraternos “alguém que já tivesse algumas bases, mas que andasse um bocado dormente e precisasse de um empurrãozinho”. “Se não houver nada na base, não resulta”, alertou, acrescentando que a atividade destina-se a quem “está a precisar de um abanão”. “Tem de ter já uma certa maturidade para poder aproveitar bem esta experiência”, advertiu.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Por outro lado, o padre Luís Gonzaga destacou a importância do acompanhamento pessoal. “Ninguém que viesse ao Convívio saía daqui sem que alguém o tivesse acompanhado pessoalmente”, contou, realçando a importância de “não abandonar ninguém”. “Todos são objetos da atenção de Jesus Cristo, através do olhar deste irmão ou desta irmã. Ninguém saía daqui anónimo. Saía daqui sempre com o sentido de que alguém o olhou profundamente. Em primeiro lugar Cristo, mas servindo-se de uma pessoa concreta”, explicou, acrescentando ao acompanhamento a importância da “formação permanente”. “Os pós-convívios eram muito para isso e também havia os retiros”, recordou.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O sacerdote explicou que a diocese ter na altura “padres sensibilizados” e “amigos dos jovens”, “ajudou imenso”. “Eram padres que tinham um grande desejo de ver os jovens felizes e realizados”, destacou, ressalvando que a equipa não se impunha aos sacerdotes.

“Fico muito contente por ver que, 40 anos depois, ainda há quem tenha ânimo para levar para a frente esta aventura”, afirmou, mostrando-se feliz por encontrar ali pessoas que também que fizeram o primeiro Convívio Fraterno “e que ainda cá estão entusiasmados”. “Isso é para mim, como padre, a maior alegria”, confessou, explicando que sempre considerou que a sua missão como a de “um andaime num prédio”. “O andaime está lá até que o prédio esteja construído. Depois, retira-se”, explicou.

Movimento dos Convívios Fraternos assinalou 40 anos de presença no Algarve com encontro (c/fotorreportagem)