Maria Luísa Francisco (E) com a moderadora da Universidade Aberta (C) e um catedrático da Universidade da Colômbia (D)
Maria Luísa Francisco (E) com a moderadora da Universidade Aberta (C) e um catedrático da Universidade da Colômbia (D)

Realizou-se nos passados dias 15 e 16 deste mês, na Universidade Aberta, em Lisboa, o I Simpósio Internacional de Educação e Pedagogia “Paz e Cidadania Global” com a participação de oradores de vários países.

Maria Luísa Francisco, pós-graduada em Sociologia da Cultura e das Religiões pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, foi a única oradora do Algarve na iniciativa organizada pelo CEMRI – Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais da Universidade Aberta de Portugal e pela REDIPE – Rede Ibero-americana de Pedagogia.

Membro da Pax Christi International desde o ano 2000, ONG católica para a promoção da paz, do respeito pelos direitos humanos, da justiça e da reconciliação pelo mundo, a oradora abordou o tema “Para uma Cultura da Paz através da Cidadania Ativa e Global”, tendo sublinhado que ser pacífico não significa “ficar sossegado no seu canto”. Pelo contrário, defendeu que implica “ter uma atitude ativa, não ficando indiferente às injustiças”. “A nossa natureza é mais violenta do que pacífica, daí o desafio a nos tornarmos homens e mulheres de paz. Porque a paz aprende-se, é um processo que exige uma pedagogia. Por isso se fala tanto de educação para a paz e de não-violência ativa”, complementou Maria Luísa Francisco, citando uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “se não temos paz é porque nos esquecemos que pertencemos uns aos outros”.

Por via da sua pertença à Pax Christi International, sendo membro da direção da Secção Portuguesa, sediada em Lisboa, foi durante dois mandatos, de 2007 a 2013, eleita a representante de Portugal no Conselho Executivo daquela ONG, que tem representação oficial nas Nações Unidas em Nova Iorque, em Genebra e em Viena de Áustria. Tem ainda representação na UNESCO em Paris e no Conselho da Europa em Estrasburgo. Estas funções no órgão máximo da organização católica, com sede em Bruxelas, permitiram-lhe participar em reuniões com vários líderes religiosos e políticos e estar em negociações em vários países e em reuniões em zonas de conflito (no pós-conflito com as várias partes). Esteve em cerca de 10 países, sendo que o último que visitou foi o Egipto, no rescaldo da chamada «Primavera Árabe».

Maria Luísa Francisco
Maria Luísa Francisco

Em 2006, Maria Luísa Francisco publicou a Agenda da Paz com prefácio de D. Januário Torgal Ferreira e chancela da Paulinas Editora.

A Pax Christi International esteve nomeada para o Prémio Nobel da Paz em 2011 e tem recebido vários prémios. A Secção Portuguesa está a organizar em Portugal o Encontro Nacional, este ano, sobre o tema dos refugiados, uma iniciativa que em 2001 teve lugar no Algarve. “Foi das atividades que até hoje mais gostei de organizar por ter conseguido juntar, durante dois dias, pessoas de várias religiões em plena Serra de Monchique. Tratou-se de um encontro onde foram debatidos vários temas ligados à paz e à ecologia e que teve uma componente espiritual e de comunhão com a natureza muito significativa”, conta Maria Luísa Francisco ao Folha do Domingo.

Este movimento católico internacional para a paz começou em 1945 na França e Alemanha com um conjunto de homens e mulheres, leigos e religiosos que procuravam trabalhar para a reconciliação.

Oração, estudo e ação continua a ser o lema, procurando entre outras medidas, o diálogo e a cooperação com diferentes ONG´s e com movimentos que trabalhem nas mesmas áreas, sejam estes cristãos, sejam de outras confissões religiosas ou de carácter não religioso. Maria Luísa Francisco acrescenta que “esta abertura à diferença tem permitido juntar delegações, aparentemente improváveis, que se tornam em verdadeiras missões de paz em áreas de conflito e pós-conflito”.

A entrevistada finaliza remetendo para a intervenção que atualmente esta ONG tem, em todas as zonas do mundo que sofrem conflitos, através de representantes próprios ou das organizações afiliadas que estão no terreno. Refere por fim que a Pax Christi International estuda e procura conhecer a origem e as consequências dos conflitos armados e da guerra. “Intervém com a força da diplomacia, utilizado bons ofícios e processos de mediação, porque acredita que gradualmente é possível romper ciclos viciosos de violência”, refere sobre a ONG que está em mais de cinquenta países e nos cinco continentes.